Igor Bidi Igor Bidi - Correntes

Corrente não se parece mais de metal
Corrente que nos prende, é um processo mental
E essa densidade parece tão ancestral
Faz tempo que a gente sobrevive tão mal
Mundo tão desigual
E é normal
Tão surreal

Me pergunto o que é real no mundo que eu vivo
Se eu compenso o fato de eu ainda estar vivo
Tento fazer valer, inventar um novo motivo
Mas esse mundo só me traz tudo que eu não preciso

Eles nos fazem comprar coisas que a gente nem quer
Essas correntes ainda ferem o meu calcanhar
Até Aquiles fraquejou e o mundo ainda conta
Sempre buscando um novo jeito de nos derrubar

Todos viraram Charlie, mas ainda num entendi
Dos nossos índios massacrados não ouvi falar
Nos latifúndios dos novos senhores de engenho
Nosso governo nunca faz nada pra apartar

Nossa revolta se tornou post de Facebook
É bem mais fácil mudar o mundo do nosso sofá
Única parte ruim, é que desse jeito meu mano
Até hoje eu nunca vi nenhum mundo mudar

Tire as correntes das mentes dos Nossos
Quebre as correntes das almas dos Nossos
Um brinde aos guerreiros, levantem seus copos
A tropa segue a caminho do topo
A tropa segue a caminho do topo

Moléculas se Faraó me ajudam a lembrar
Dupla hélice e a terceira é espiritual
Entre meu lado divino e meu lado humano há um abismo
Cercado de medos e cinismo

Tanta insegurança
Eu já nem lembro a meta da minha esperança
As vezes perco o motivo da minha andança
Santa ignorância

O mundo suga toda nossa importância
E em troca nos dá nada além de cobiça, preguiça, injustiça
Mordaça, malicia, cansaço
Prisão no tempo espaço da terceira dimensão

Alma em ascensão se perde em tanta diversão
Drogas e bebidas, pessoas tão vazias e tão lindas
Vontade de partir, sem saber onde é a saída
Somos escravos e a gente nem já percebe mais

A nossa Vida se resume a telas digitais
Então que a Vida que sobra nos traga mais do que não estraga
Com o tempo que sempre lava, leve e quente como lava
Te indaga sobre sua saga, te livra do que te mata

Te marca, dilata, o coração dilata
Dileto, direto, dialeto pirata
Da nata acrobata, a sonata sagrada liberta a manada na rima emanada
Nossa embarcação não naufraga
Nossa embarcação não naufraga
Luz
Luz pra caminhada dos que já partiram
Luz pra caminhada dos que ainda virão
Luz pra caminhada dos meus inimigos
Que não são capazes de atravancar
Minha missão

Tire as correntes das mentes dos nossos
Quebre as correntes das almas dos nossos
Um brinde aos guerreiros, levantem seus copos
A tropa segue a caminho do topo
A tropa segue a caminho do topo